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01 | MIA.Agenda - Homenagem Centenário António Vicente de Castro

DATA

17 de outubro

Hora

10h00

Local

Avenida Miguel Bombarda | ISMAT

resumo

No ano do centenário do nascimento de António Vicente de Castro, o Mestrado Integrado em Arquitetura do ISMAT, realiza diferentes iniciativas que visam homenagear um dos arquitetos mais influentes do Movimento Moderno em Portugal, com uma vasta obra na cidade de Portimão.

No dia 17 de outubro, pelas 10:00h, junto às instalações do ISMAT na Avenida Miguel Bombarda, realiza-se um percurso arquitetónico pela cidade com passagem por sete das suas obras: casa Bragança, casa Vasão Trindade, casa Jaime Dias, dois edifícios de habitação coletiva camarários, antigo centro de saúde, edifício do Lar da Criança e posto de abastecimento para barcos de pesca. Este percurso contará com a presença, entre outros, de, Luísa Castro, arquiteta e filha e de José Veloso, arquiteto contemporâneo de Vicente de Castro. 

Esta iniciativa terá um número de participantes limitado, consequência do atual estado de pandemia.

António Vicente de Castro, Arquiteto (1920-2020)

“António Vicente de Castro, autor qualificado e combativamente coerente com o seu tempo e a sua geração, introdutor da arquitetura moderna no Barlavento Algarvio, bem merece a continuação do estudo sobre a sua obra mas, acima de tudo, uma pensada proteção, restauro ou preservação das suas mais notáveis criações.” - Arq. José Manuel Fernandes, para a exposição A. V. Castro / Arquitectos da Geração Moderna - Ano Nacional da Arquitectura, 2003

Nascido em Lisboa a 17 de outubro de 1920, António Vicente de Castro viveu a sua infância e juventude em Lagos com a Avó e Tias Galvão, família tradicional mas de mentalidade aberta, que tanta importância teve para a sua formação, incentivando e apoiando as suas opções escolares e cívicas. 

O seu percurso académico foi algo conturbado, tendo abandoado a conservadora Escola de Belas Artes de Lisboa juntamente com outros companheiros, rumo à do Porto, onde já se aceitava uma corrente arquitetónica internacional e moderna, numa época de intensa consciencialização política no meio estudantil, com processos disciplinares, incursão no MUDJuvenil e passagem pela prisão nas cadeias da PIDE, em 1947.

Formou-se arquiteto pela Escola de Belas Artes do Porto em 1955, com a média final de dezanove valores, apresentando como tese final o projeto do Posto Rodoviário de Lagos (Estalagem S. Cristóvão e Estação de Serviço), tendo sido discípulo do Mestre Carlos Ramos.

Regressado ao Algarve em 1956, opta por radicar-se em Portimão e, durante mais de 40 anos, no escritório da Travessa Sr.ª da Tocha, produz, solitário, uma vasta obra de arquitetura e urbanismo enquadrada no Movimento Moderno. Na resolução de habitação unifamiliar são exemplo as casas: Vazão Trindade (1956), Bragança (1959) e Jaime Dias (1961), na Av. Miguel Bombarda, em Portimão; e Balté (1959), na Ilha de Faro. No âmbito da habitação coletiva, são referência: o edifício J.L. Branco (1958), na esquina frente à Igreja; o edifício J. Alvo (1959), no gaveto da rua do Comércio com a rua Infante D. Henrique, em Portimão; e o edifício Macedo (1960), na Praia da Rocha. Destacam-se, ainda, os edifícios destinados a equipamentos como: a Creche de Portimão (1957) e a Creche de Lagos (1959); a Adega Cooperativa de Portimão (1958); e Caixa de Previdência de Portimão (1963). O seu percurso fica, ainda, marcado pelo design de mobiliário e pelo planeamento urbano em diferentes concelhos do Algarve. 

Durante a sua breve passagem pela Câmara Municipal de Portimão, entre 1975 e 1976, planeou a recuperação urbana de bairros periféricos da cidade e veio mais tarde a elaborar para esta camara dois planos de reestruturação urbana da cidade, que nunca foram efetivamente implementados. Lecionou no ensino público em Silves, Faro e Portimão. O seu variado leque de interesses fê-lo ensaiar temas como a fotografia e a poesia, para além de textos de reflexão sobre a sua área profissional.

A par com a atividade profissional, manteve sempre uma consciência cívica, informada e inconformada, que o levou a participar em ações políticas como na campanha eleitoral para as “eleições legislativas”, em Portimão, a convite da CDE, onde interveio em 1969 ou, em 1973, no 3º Congresso da Oposição Democrática em Aveiro. Após o 25 de Abril de 1974 publica nos jornais Diário de Lisboa, República e Barlavento, vários artigos sobre arquitetura, planeamento e turismo. 

Muitas das suas obras encontram-se, atualmente, bastante descaracterizadas, quer pelo abandono, quer por sucessivas alterações introduzidas pelos proprietários, sem um cuidado acompanhamento profissional. Algumas foram mesmo demolidas.

Morreu em Lisboa a 26 de novembro de 2002.

Homem de forte carácter e extrema integridade, muito à frente do seu tempo, nunca abdicou de intervir sempre que necessário e sob uma perspetiva formativa, na defesa das suas convicções – vendo muitas vezes a sua carreira prejudicada, num meio estagnado e avesso a um pensamento moderno – numa permanente persecução por um Homem e uma Sociedade melhores.

Foi homenageado pela Ordem dos Arquitectos que, no Ano Nacional da Arquitectura, em 2003, organizou em Portimão uma exposição da sua obra, sob o Tema “Arquitectos da Geração Moderna”.